A comunicação eletrónica tem vindo a assumir um papel crescente nas tarefas mais comuns do dia a dia, do correio eletrónico que substituiu o correio tradicional à comunicação instantânea que complementa e muitas vezes substitui a comunicação presencial. Também as relações comerciais têm vindo a transformar-se, com a segurança, facilidade e conveniência proporcionadas pela faturação eletrónica a assegurarem uma crescente adoção por parte das organizações e dos seus clientes. Mas, para além do mero processo desmaterializado, o denominado e-invoicing está também a sofrer uma forte transformação nas suas diversas dimensões (B2B, B2G, G2B e B2C ^(*)), fruto de um conjunto de mudanças tecnológicas, de negócio e legislativas em curso nos diversos países, que detalhamos em seguida. Para quem queira conhecer a fundo a terminologia associada ao tema, a European E-Invoicing Service Providers Association (EESPA) criou um glossário detalhado que pode ser consultado aqui.

Um importante acelerador do crescimento da adoção destes processos prende-se com as iniciativas governamentais em curso para uma maior digitalização da economia, seja pelo lado da contratação seja pelo lado da relação com os cidadãos e empresas. Nesse sentido, diversos governos, da Europa aos Estado Unidos e também na América Latina, decidiram desenvolver iniciativas para uma mais rápida aceitação, impondo a utilização destes processos por parte dos seus fornecedores e, alargando-a a outras áreas da gestão. Na União Europeia, existe um conjunto de diretivas em curso para que mais de 300,000 entidades da Administração Pública implementem soluções de e-invoicing e e-procurement até ao final de 2018 ou de 2019.

Do lado das empresas, estima-se que as organizações beneficiem da automatização tornada possível pela desmaterialização dos processos. A utilização da fatura ou pagamento eletrónicos podem trazer claros benefícios, ao otimizar dos custos e proporcionar uma segurança e proteção superiores.

Um outro aspeto fundamental que a digitalização tem vindo a permitir é a concretização da economia em tempo real, à medida que Governos e empresas tiram mais partido dos processos associados à fatura eletrónica, que permitem dispor de dados cada vez mais precisos. Isto porque os fornecedores de serviços de faturas eletrónicas têm a oportunidade de validações em tempo real, uma vez que os emitentes recebem automaticamente notificações caso existam dados incorretos ou confirmação caso tenham sido aceites no processo de validação automática. Outro importante aspeto prende-se com a possibilidade de ter acesso instantâneo a informação relevante de fluxos de trabalho, montantes e datas de pagamento, assim como proporcionar descontos.

Falar de uma vida mais digital implica trazer para o debate a mobilidade, sendo que a fatura eletrónica faz parte desta mudança. É expectável que os utilizadores possam aceder às suas faturas de forma a poderem rever, enviar e aprovar, independentemente da sua localização. Entre outros, um exemplo desta mudança para o paradigma da mobilidade prende-se com a submissão eletrónica de documentos fiscais através dos smartphones.

Um último aspeto que pode trazer profundas mudanças prende-se com uma das tecnologias mais recentes e promissoras que tem vindo a ser avaliada na área de pagamentos e outras transações financeiras, o blockchain. Este não é mais do que uma base de dados, mas não no sentido convencional, uma vez que, ao ser distribuído, funciona como um livro de registros, mas inviolável, "inderrubável" e extremamente eficiente. A sua utilização pode trazer profundas mudanças e simplificar os processos, ao proporcionar um nível superior de segurança e uma fácil rastreabilidade.

^(*) Business-to-Business, Business-to-Government, Government-to-Business, Business-to-Consumer